Vamos
conhecer a história de uma das maiores missionárias do Século XX. Ela
se chama Gladys Aylward e ficou conhecida por ser tão pequena e fazer
uma tão grande
história missionária na China. Vamos poder testemunhar como Deus pode
ser glorificado na vida de uma pessoa que talvez não tivesse qualquer
perspectiva, aos olhos humanos, de fazer uma grande obra. Mas, apesar de
tanta coisa ser contra Gladys Aylward, o SENHOR Deus a usou de uma
forma maravilhosa na China. Ela é um grande exemplo vivo da verdade de 1
Coríntios 1:26 e 27:
“Porque,
vede, irmãos, a vossa vocação, que não são muitos os sábios segundo a
carne, nem muitos os poderosos, nem muitos os nobres que são chamados.
Mas
Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; e
Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes”
Oremos
para que o exemplo dessa pequena grande missionária possa tocar nossos
corações e que a sua vida seja uma inspiração e um desafio para que
possamos servir ao SENHOR!
Vamos
começar a conhecer a fascinante história de Gladys Aylward, a pequena
grande missionária. Você sabia que quando Gladys era adolescente ela
tinha inveja de suas amigas serem louras, altas e bonitas? E ela se
achava sem beleza, se considerava baixinha, e não gostava de ter nascido
com os cabelos pretos.
Gladys,
quando jovem, achava que Deus havia errado, pois ela queria ser como as
outras jovens inglesas. Porém, como vamos ver nessa história, mais
tarde ela mudou de idéia e reconheceu que Deus estava certo, e que Deus
havia criado ela para uma missão muito especial. Sim, quando muitos anos
mais tarde ela chegou na China para ser missionária, e viu as pessoas
baixinhas e de cabelos negros como ela, ela quase se esgasgou e orou:
“Oh, meu Deus, o SENHOR sabia mesmo o que estava fazendo ao me criar
assim.”
Mas, não foi só a aparência de Gladys que a levou a fazer um belíssimo trabalho na China, foram principalmente o seu amor a Deus e a sua dedicação à obra de Deus que fizeram diferença. De
uma empregada doméstica na Inglaterra, ela se tornou a grande
AI-WEH-DEH, o nome que recebeu dos chineses e que significa A CORAJOSA.
Gladys Aylward nasceu em Londres, em 1902. Seus pais eram pobres e todos na casa precisavam trabalhar
para ajudar no sustento da família. Ela começou a trabalhar aos 14 anos
como criada, ajudando nos serviços domésticos das grandes mansões
inglesas. Em sua juventude, ela trabalhava muito – o serviço era pesado -
de madrugada até à noite. O serviço era estafante e o salário muito
pequeno. Ela usava seus poucos momentos de folga para sair para festas e
divertir-se com amigos. Seus pais eram crentes, mas ela tinha sido até
então apenas uma freqüentadora de cultos.
Numa
de suas folgas, enquanto passeava pelas ruas de Londres, um grupo de
crentes insistiu que ela fosse à igreja e assistisse ao culto. Embora
ela relutasse, eles foram chamando, insistindo e andando com ela, até
que chegaram na igreja, e, ela teve então que entrar com eles. Ela ouviu
a mensagem, mas não se converteu. Depois do culto, um crente perguntou
se ela era salva, e para onde ela iria quando morresse. Ela
quis falar com o pastor, mas ele estava ocupado, então a esposa do
pastor fez um aconselhamento com ela, e Gladys com 25 anos fez a sua
decisão de crer em Cristo como seu único Senhor e todo-suficiente
Salvador.
A
partir de sua conversão, ela consagrou sua vida ao Senhor Jesus Cristo,
inclusive dedicando-se para ser missionária. Começou a participar das
programações evangelísticas com os jovens, e cada vez ia ficando mais
forte em seu coração o desejo de ser missionária nos confins da terra.
Seu sonho era servir na distante China.
A
grande pergunta era: Como uma jovem pobre, sendo mulher e tendo pouca
instrução, poderia ser aceita por uma Agência Missionária para trabalhar
num país como a China, país com língua totalmente diferente e cultura
completamente estranha?
Lembremos de 1 Coríntios 1:26 e 27: “Porque,
vede, irmãos, a vossa vocação, que não são muitos os sábios segundo a
carne, nem muitos os poderosos, nem muitos os nobres que são chamados. Mas
Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; e
Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes”.
Convertida
e cheia de amor por Jesus, Gladys queria de todo o coração servir ao
SENHOR. Ela se sentia devedora a Jesus por Ele ter sido tão bom com ela,
salvando-a da perdição eterna e transformando a sua vida. Ela pensava:
“Se Jesus não tivesse me amado e morrido por mim, eu estaria vivendo uma
vida vazia, sem sentido, gastando meus anos em coisas fúteis,
divertimentos errados e bebidas. Mas, Jesus teve misericórdia de mim, me
escolheu e me salvou, agora quero servir a Ele com todo o meu ser”.
Ela
se inscreveu para um treinamento missionário na MIC - Missão para o
Interior da China, que recrutava também mulheres para o trabalho
missionário transcultural. A Missão para o Interior da China tinha sido
fundada por Hudson Taylor, que havia compreendido que os critérios
bíblicos para missionários eram diferentes dos exigidos para pastores,
por isso a MIC enviava mulheres solteiras para trabalhar como
missionárias na China. Hudson Taylor viu o grande potencial das mulheres
na obra missionária, assim a Missão para o Interior da China recrutava,
treinava e enviava mulheres solteiras para fazer Missões na China.
Gladys
iniciou o treinamento, mas sua pouca instrução impedia que ela se
saísse bem nas aulas e treinamentos. Ela tinha trabalhado como criada
desde os 14 anos, sem ter chance de estudar, por isso tinha muita
dificuldade de aprender uma nova língua e sobre cultura. Por cauda
disso, ao término do treinamento, ela foi recusada pela MIC.
Mas,
Gladys não desistiu, ela tinha certeza que Deus tinha lhe chamado para
ser missionária na China e levar a salvação aos chineses. Ela resolveu
então voltar a trabalhar como empregada doméstica e ajuntar todo o seu
salário para pagar a viagem. Enquanto isso, ela estudaria por conta
própria, conhecendo a e se adaptando à cultura chinesa, lendo tudo o que
podia sobre a China e se familiarizando com a difícil língua chinesa.
Como
o preço de uma viagem de navio era impossível para ela, Gladys combinou
com o agente de viagens que iria pagando toda semana a sua passagem de
trem para a China, até que completasse o total da passagem de ida. Ela -
toda semana - deixava quase todo seu salário semanal na Agência de
Viagens, e ao fim de quase três anos de grandes sacrifícios e muita
perseverança, Gladys finalmente conseguiu.
Assim,
com 30 anos, no dia 15 de outubro de 1932, Gladys Aylward saiu sozinha
de Londres, para a distante e desconhecida China. Carregava apenas duas
malas (uma cheia de alimentos), um velho casaco e um pequeno fogão e
panelas.
A viagem prometia ser longa, cansativa e muito perigosa.
Gladys
atravessou grande parte da Europa de barco e de trem, mas quando entrou
na União Soviética as coisas começaram a piorar. Havia conflitos e
guerra com vários países e povos, inclusive forte tensão na fronteira
entre a Rússia e a China. Gladys teve que viajar com pessoas esquisitas e
que não falavam a sua língua, e também grande parte da viagem foi feita
com grupos de soldados rudes e perigosos. Em vários cantos foi pedido o
seu passaporte e sempre havia perigo dela ter que sair do trem. Por uma
providência divina, em um posto na Sibéria não era permitido civis
viajar no trem, somente soldados russos. E perguntaram o que ela era.
Ela em inglês disse que era missionária e que estava numa missão de
Deus. Eles entenderam que ela era perita em máquinas e pensaram que ela
estava sendo enviada numa missão de consertar equipamentos... E
assim deixaram que ela mais uma vez passasse. Gladys viu tantos perigos
e impossibilidades que pensou em voltar, mas agora não dava mais, tinha
que continuar.
Num
trecho na fronteira com a Mongólia, por causa de uma batalha, o trem
teve que parar, e Gladys sozinha teve que fazer um longo e perigosíssimo
percurso a pé até a próxima cidade. Andou a noite inteira, sob a neve,
ouvindo apavorada os sons de tiros ou de animais selvagens. À noite
estava escura como um breu, e ela só podia andar passo a passo seguindo
os trilhos. Pela manhã, conseguiu chegar numa cidade da Manchúria, e,
como a fronteira para a China estava fechada, ela pegou outro trem para
ir pelo Japão. No Japão, pediu ajuda ao cônsul da Inglaterra, que lhe
encaminhou de ônibus e de barco, para que ela fosse para a China. Depois
de exaustivos 22 dias, finalmente, Gladys chegou à China, no dia 07 de
novembro de 1932. Contudo, para chegar ao seu destino, ao vilarejo
montanhoso de Yang-Cheng, ela teve que viajar mais oito dias em lombos
de mulas pelas trilhas e montanhas chinesas.
Quando
estava na Inglaterra, Gladys soube de uma missionária escocesa chamada
Jeannie Lawson que fazia um trabalho missionário numa das regiões mais
difíceis da China. A Sra. Lawson morava há 50 anos na China e tinha
ficado viúva, mas, apesar da idade avançada, e viver sozinha, continuava
a obra do seu marido. Gladys lhe enviou carta, e ela aceitou que Gladys
fosse morar com ela e ajudá-la no evangelismo aos chineses. A Sra.
Lawson era uma mulher idosa e muito rude, ela aprendera a viver e
sobreviver na China com todas as lutas, perigos e problemas. Isto fez
dela uma mulher forte, decidida. Quando, depois de quase um mês de
difícil viagem, Gladys chegou na casa da Sra. Lawson, e foi
recebida sem muita comemoração ou reconhecimento do sacrifício que ela
fez. A Sra. Lawson, depois de mostrar a pousada e o vilarejo de
Yang-Cheng, fez com que Gladys imediatamente começasse a trabalhar.
Gladys
começou a trabalhar pesado, pois a casa era enorme e tinha muito
serviço, desde limpar, arrumar, cozinhar e consertar. A Sra. Lawson
lutava com a falta de sustento, pois havia pressão da Missão para ela
retornar à Inglaterra. Elas tiveram a idéia de montar uma pousada na
casa, assim poderiam ter ajuda no sustento e ainda evangelizar os
hóspedes. Montaram finalmente a Pousada da Sexta Felicidade, e o
cozinheiro da Sra. Lawson se tornou o cozinheiro da pousada. Esse
simpático chinês depois também se converteu a Cristo e se tornou o
grande professor de Chinês para a Gladys. Gladys aproveitava cada
momentinho de folga para estudar a Bíblia e a Língua Chinesa. Ela
aprendeu tão bem o dialeto chinês falado em Yang-Cheg que não somente
falava, mas lia e escrevia melhor do que muitos chineses cultos.
Ela
e a sra. Lawson se esforçavam muito para que a pousada desse certo
(Yang-Cheng era rota de caravanas de muleteiros – que transportavam
tecidos de algodão, carvão e ferro). O plano era que, enquanto comessem na pousada, elas lhes contariam histórias
da Bíblia. Mas, houve um problema, as caravanas de muleteiros não
paravam na pousada das estrangeiras. Foi quando Gladys decidiu ficar na
frente da pousada, e quando viesse a caravana, ela pegaria a primeira
mula e levaria (arrastaria) para dentro do estábulo da pousada, assim as
outras a acompanhariam. E deu certo. Começaram a receber os viajantes
“à força”, mas eles gostaram e voltaram e divulgaram para outras
caravanas que a pousada das estrangeiras era boa e lá ouviam boas
histórias. Assim, elas contavam as histórias de Noé, Moisés, Paulo e
Jesus. E alguns se converteram.
Gladys
começou também a trabalhar com o evangelismo de crianças, elas, no
início, incentivadas por seus pais, jogaram lama em Gladys e a chamaram
de LAO-YANG-KWEI (“diabo estrangeiro”), mas depois aprenderam a
respeitar e amar aquela estrangeira que tinha muito amor. Gladyz sempre
agradecia a Deus por ter tido o discernimento que lhe fez adotar o
seguinte princípio:, enquanto estava na Inglaterra, deveria trabalhar
como se estivesse na China. Assim, enquanto vivia na Inglaterra e se
preparava para ir à China, ela trabalhava e evangelizava muito. Estava
sempre envolvida em evangelismo, discipulado, estudos bíblicos e
campanhas. Agora, que estava na China, ela trabalhava como se estivesse
na Inglaterra. Vivia uma vida simples, ajudava na pousada, estudava
Chinês e evangelizava as crianças.
Depois
de quase um ano de trabalho, a Sra. Lawson faleceu. E ficou impossível a
permanência de Gladys Aylward na China, pois ela não era mantida por
nenhuma Missão, e sem o sustendo da Sra. Lawson a pousada não poderia
ser mantida. Mas, Gladys confiou em Deus, e mais uma vez sua fé seria
provada. Ela lembrava da chamada de Abraão, de Moisés, de Paulo, se
espelhava na fé e perseverança de Neemias, por isso orou e resolveu
esperar no SENHOR. A resposta de Deus se deu num milagre, o mandarim
(uma espécie de governador da província), sabendo de sua boa reputação
no lugar, a convidou para ser inspetora de pés. Sua tarefa era ir nas
casas e inspecionar para ver se o costume de operar e amarrar os pés das
meninas estava sendo mesmo abolido. Essa cultura chinesa, sob o
pretexto de embelezar, fazia com que os pés das meninas fossem amarrados
e até mesmo operados (dedos eram decepados) a fim de que elas não
crescessem e ficassem mutiladas para ficarem castas e não fugir (pois,
como resultado, elas mancavam por toda a vida). O governo chinês havia
proibido a continuidade desse costume, e cabia à inspetora de pés
conscientizar as famílias, denunciar, educar e ajudar na recuperação das
crianças. E ela seria paga para fazer esse trabalho!
Gladys
viu nisso, além de ter sustento financeiro, uma grande oportunidade de
ajudar aos chineses e evangelizar. Ela se dedicou totalmente a essa
missão, ia de povoado a povoado, visitando as casas, ensinando sobre
higiene, e evangelizando.
Esse
trabalho e a dedicação de Gladys foram muito abençoados por Deus. Houve
conversões de crianças e famílias, e povo reconheceu que aquela
estrangeira era diferente, e diziam que ela tinha o Deus Vivo dentro
dela. Foi por causa desse ministério que ela recebeu por parte das
pessoas o nome de Je-Nai – que em Chinês quer dizer: Aquela que Ama o
Povo.
Até
hoje a atuação de Gladys é reconhecida na China – essa velha senhora da
foto diz que agradece a Gladys por ela ter ajudado a China a se livrar
dessa cultura perversa.
O
mandarim, reconhecendo o valor de Gladys (que agora até ele a chamava
de Je-Nai) a nomeou como sua conselheira. E num momento de grande
tensão, ele pediu a sua ajuda. Houve uma rebelião na prisão local, e os
prisioneiros amotinados e armados de machados e facões ameaçavam matar
todos os reféns. Eles estavam com ódio por causa das más condições da
prisão. Era uma situação terrível, pois para sufocar aquela rebelião,
haveria centenas de mortes. O mandarim pediu que ela servisse de
mediadora no conflito, que era muito perigoso, mas ele tinha ouvido ela
pregar que “aqueles que crêem em Cristo não têm nada a temer”? Gladys
sentiu sua fé ser desafiada, e,
com muito medo, mas confiando no SENHOR, entrou na prisão, sem armas e
sem escolta, e repreendeu os prisioneiros e mandou que eles se
entregassem que ela iria ajudá-los para melhorar as condições da prisão.
Outro milagre aconteceu: os prisioneiros, homens maus e rudes,
assassinos e perversos, marginais cruéis, atenderam à palavra de Je-Nai e
se renderam.
A partir de então o povo deu a Gladys outro nome, passaram a chamá-la de AI-WEH-DEH, que quer dizer: A CORAJOSA!
E
Gladys cumpriu as promessas que fez aos prisioneiros: exigiu do
mandarim que as condições físicas e a alimentação fosse melhorada, e
coordenou trabalho para os presos, conseguiu máquinas de tear e moinhos
industriais, assim os presos trabalhavam na prisão e obtinham sustento.
Anos
mais tarde, o próprio mandarim também se converteu a Cristo (e Deus fez
outro milagre muitos anos depois, o ator que fez o papel do mandarim no
filme “A Pousada da Sexta Felicidade” na época das filmagens estava
muito doente e com muito esforço trabalhou nas cenas. Logo depois do
filme, ele morreu. Os seus biógrafos reconhecem que a última cena que
ele fez (o mandarim se convertendo) não era o mandarim, era o próprio
ator que também fazia a mesma decisão de crer em Cristo!
Em
1936, outro milagre aconteceu na vida Gladys, ela recebeu o difícil
título de cidadã chinesa. Ela permanecia firme nos seus trabalhos, e
mais um desafio aconteceu: um dia ela encontrou uma mulher mendigando e
querendo vender sua filhinha (era um costume local a venda das crianças
para exploração sexual infantil). Penalizada, Gladys ofereceu todo o
dinheiro que tinha nove pence (nove centavos). A mulher aceitou, e
Gladys chamou a menina de NINEPENCE e a adotou. Ninepence pensou que
seria usada na exploração sexual ou seria comida como jantar daquela
Diaba Estrangeira. Mas, ao contrário, recebeu amor e muito cuidado. Dias
depois Ninepence trouxe seu irmãzinho, mas Gladys disse que não poderia
cuidar dele, pois não tinha recursos – e o que tinha mal dava para
elas. Ninepence pediu que desse a metade de sua comida ao seu
irmãozinho. Gladys, sensibilizada, adotou o irmão de Ninepence. E assim
começou o seu trabalho de adotar crianças órfãs ou abandonadas pelos
pais.
Em
1938 a situação política da China estava ficando complicada. De um lado
um guerrilheiro chinês de ideais comunistas (Mao Tse Tung) estava
ganhando popularidade e dividindo o país, e de outro lado, o JAPÃO
começou a atacar e conquistar território chinês. A província de Shansi,
onde ficava Yang-Cheng, começou a ser alvo das tropas japonesas. Um
oficial do exército chinês, chamado Cel. Linnan, foi enviado para,
juntamente com o mandarim, realizar a evacuação da população, uma vez
que as tropas japonesas se aproximavam e em breve aquelas cidades seriam
bombardeadas pelos aviões japoneses. Gladys se opôs à fuga, disse que
deveriam resistir, e organizaram uma resistência. Corajosa,
Gladys servia também de espiã, pois como conhecia a região e tinha a
simpatia e a confiança do povo, se mantinha informada da movimentação
das tropas japonesas, e essas informações eram repassadas ao Cel. Linnan
para formar as frentes de batalha. Nessa amizade surgiu um grande amor
entre Gladys e o Cel. Linnan. Contudo, os horrores da guerra e os
trabalhos impediam qualquer romance.
Contudo,
as tropas e os aviões japoneses atacaram a província de Shansi, e os
bombadeios destruíram a cidade de Yeng-Cheng e a Pousada da Sexta
Felicidade. Gladys foi violentamente espancada pelos soldados japoneses,
mas conseguiu fugir e levar com ela quase 200 crianças. Os japoneses
ofereceram uma alta recompensa pela cabeça de Ai-Weh-Deh (100 dólares,
uma fortuna na época). Agora Gladys tinha que levar aquelas crianças a
salvo. Dividiram em dois grupos, mas quando Gladys soube que o outro
grupo foi apanhado e mortos, ela decidiu fazer uma viagem para perto da
Manchúria, onde havia segurança. Só havia alguns poréns: a viagem era
por montanhas e selvas, não havia alimento, ela só teriam um ajudante e
as tropas japonesas iriam em seu encalço. Era mais uma vez uma
oportunidade de confiar em Deus.
Fazer
aquela travessia com 94 crianças de 3 a 12 anos, sem alimentos, sem
roupas adequadas, sem remédios, era impossível. E mais uma vez Gladys
recorreu à Bíblia para relembrar as histórias do Deus do Impossível. E
tudo que ela ensinava as crianças aprendiam com facilidade, pois viam
nela uma crente que vivia os ensinos e as promessas de Deus. Certo
momento, o grupo chegou a rio que precisava ser atravessado. A ponte
havia sido derrubada, e o rio era fundo, e não dava para passar com
crianças. Gladys, falando com as crianças, explicou a situação. Eles
lembraram que Moisés atravessou o Mar Vermelho com o povo de Deus. E
Gladys disse: É, mas eu não sou Moisés. E um garoto respondeu: Mas Deus é
Deus, é ainda o mesmo Deus de Moisés. Aquela exortação serviu para
encorajar, amarraram uma corda de uma margem à outra, e todos passaram
com segurança.
A
caminhada por montanhas, trilhas pedregosas, selvas inóspitas e perigos
constantes foi penosa e difícil. Muitas vezes as tropas japonesas
ficavam tão perto, que ela e as crianças tinahm que se esconder e ficar
em completo silêncio (algo impossível para 94 crianças fracas e com
fome). Mas Deus guiou Gladys por 21 dias, e nenhuma criança foi perdida.
Conseguiram chegar em Siam, uma cidade que estava em segurança. Mas,
Gladys estava muito ferida, como conseqüência do espancamento dos
soldados japoneses, e durante a jornada havia contraído tifo, estava com
pneumonia, febre alta e com grave desnutrição (pois deixava de comer
para dar às crianças). Um casal de missionários a acolheram e
trataram dela, e depois de meses de tratamento, ela pôde se recuperar e
novamente cuidar dos seus “filhos” e das outras crianças.
Foi
nesse período, que o Cel. Linnan foi a essa cidade se encontrar com
Gladys. Ele fala de seu amor por ela e a pede em casamento. Mas, Gladys
pensa no seu chamado, em sua missão, em suas crianças, no trabalho que
ainda tem que fazer na China como missionária, e diz não. E nunca mais
olhou para trás. Voltou para a sua região e continuou a fazer seu
trabalho missionário ainda com mais fervor, criando inclusive um
leprosário para cuidar dos muitos leprosos existentes na China.
Quando
o filme de sua vida foi feito, apesar de ser uma grande produção, ter
uma das maiores atrizes da época e ter servido para divulgar o trabalho
missionário na China, Gladys Aylward ficou muito decepcionada, pois eles
tinham exagerado em seu romance com o Cel. Linnan, porque mesmo
amando-o muito e realmente ter pensado em casamento, ela manteve-se
pura, e algumas cenas faziam insinuações de sensualidade. Para Hollywood
e o mundo, não havia nada demais, as cenas até eram castas e sem
maldade, mas para Gladys, uma mulher de Deus, firme em suas convicções e
compromisso com Deus, as cenas a deixaram envergonhada.
Em
1949, depois de quase vinte anos servindo na China, Gladys voltou à
Inglaterra. Deu palestras em igrejas, escolas e participou de campanhas
de vocação, chamado e recrutamento missionário. Todos queriam ouvir a
história daquela baixinha inglesa que havia feito tão grande trabalho na
China. Gladys ficou mais famosa ainda depois que sua biografia foi
publicada e a BBC de Londres fez um documentário sobre a vida dela.
Depois do lançamento do filme “A Morada da Sexta Felicidade”, ela
recebeu convites de igrejas e de seminários dos EUA e de várias partes
do mundo para falar sobre Missões. Participou de conferências
missionárias e deu testemunho de sua fé em várias partes do mundo.
Apesar de considerar o filme como o “seu espinho na carne”, ela
reconhecia que através do filme teve muitas portas abertas para falar de
Jesus Cristo e da Obra Missionária.
Na
década de 50, Gladys tentou voltar para a China, a fim de continuar seu
trabalho missionário, contudo a China de tornara comunista e
oficialmente anti-cristã (inclusive perseguindo os crentes), e ela teve
sua entrada proibida na China. Mas, a nossa Gladys não era mulher de
desistir ou de voltar atrás, e em 1957 foi para Taywan, perto da China, e
lá continuou o seu trabalho missionário e fundou um orfanato para
cuidar das crianças desamparadas.
O
Senhor a levou para a Santa Morada Celestial, no dia 03 de janeiro de
1970, quando ela tinha 67 anos, de grandes serviços, de ter fundado
igrejas na China e Taywan, ter cuidado de centenas de crianças, de
leprosos e ter levado a tantas pessoas em lugares inóspitos e distantes à
salvação em Cristo. Sua vida é ainda hoje um exemplo do poder gracioso
do SENHOR Deus em usar as coisas humildes e fracas para que realizem
grandes e maravilhosas coisas para Deus.
Você já parou para pensar no que Deus pode fazer com você?
Pr. José Nogueira