terça-feira, 11 de agosto de 2009

Deus e Eu


Muitas pessoas pensam que seu relacionamento com Deus consiste em ir ao culto nos domingos. Pensam que esta prática semanal é o que Deus espera delas. É tudo o que devem fazer: ir ao culto. O problema com esta idéia é que o Novo Testamento não chama a reunião dominical de culto a Deus. Romanos 12.1 fala de oferecer nosso corpo como culto a Deus, como um sacrifício vivo, santo e agradável. Como eu uso meu corpo diariamente e todo o tempo, o culto a Deus é realizado diariamente e o tempo todo e não só aos domingos.

O propósito de Deus ao criar o homem era que este o obedecesse e adorasse. Era assim que o homem cultuaria e se relacionaria com o seu Criador.

No Velho Testamento, o culto a Deus envolvia sacrifícios no templo, pelo menos duas vezes por dia, buscando perdão de pecados, purificação ou simplesmente para mostrar gratidão.

No Novo Testamento, os verdadeiros adoradores adoram ao Pai em espírito e em verdade, sem depender de lugar e hora (João 4.24), pois seus corpos são templos de Deus (1 Co 6.19).

Também, não se faz mais os sacrifícios para perdão de pecados ou de purificação cerimonial, pois, Jesus já se ofereceu como sacrifício único e suficiente para que nosso acesso a Deus esteja totalmente livre.

No culto a Deus, só nos restaram os sacrifícios de gratidão. Com estes, obedecemos e adoramos o nosso Deus dia a dia.

Na reunião aos domingos, como família de Deus, nós celebramos o memorial que o Senhor Jesus instituiu e anunciamos a Sua morte até que Ele venha.

Como é que podemos nos relacionar com Deus, adorando-o dia a dia? Pesquisando o Novo Testamento sobre os atuais sacrifícios de culto que devemos oferecer a Deus, encontramos cinco idéias que dizem como podemos adorar a Deus no dia a dia.

1) Ver e imitar Jesus (Ef 5.1,2). De acordo com este texto, cultuar a Deus dia a dia é amar como Cristo amou. Jesus se ofereceu por nós como oferta e sacrifício que agradou a Deus. Assim, precisamos ler os Evangelhos para ver, conhecer e imitar Jesus. Precisamos ouvi-lo e praticar o que ele ensinou. Se a vida dele oferecida a Deus em nosso favor agradou ao Pai, então também nós agradaremos a Deus, quando usarmos nossas vidas amando as pessoas. Estaremos imitando Jesus ao oferecer nossas vidas em oferta e sacrifício a Deus, amando aos outros.

2) Viver e morrer (Fp 2.17 e 2 Tm 4.6). Cultuar Deus no dia a dia é entender e assumir o fato que tudo é para Deus. Nosso viver e até nosso morrer são de Deus, por Deus e para Deus. Em seus dois aprisionamentos em Roma, Paulo comparou sua morte iminente com a libação de um sacrifício (Fp 2.17 e 2 Tm 4.6). Libação era o vinho derramado sobre um sacrifício que estava sendo oferecido a Deus. Assim, Paulo estava dizendo que sua morte seria um ato de adoração a Deus como também ele já vivia nesta constante adoração. A vida e a morte do discípulo de Jesus são oferecidos como sacrifício a Deus, que completa e se associa com os sacrifícios e esforços de outros. Não vivemos para nós mesmos e nem morremos para nós mesmos, tudo agora é para o Senhor (Rm 14.8)

3) Falar e fazer (Hb 13.15,16). Oferecer sacrifícios diários a Deus envolve o louvor, que é o fruto de lábios que confessam o seu nome, ou seja, o nosso falar. Também nestes versos, os sacrifícios diários de adoração envolvem a prática do bem e a mútua cooperação, ou seja, o nosso fazer. Falar e fazer, tudo para agradar a Deus. Orar sem cessar ... em tudo dai graças. Orar pelos que sofrem ... cantar louvores com os que estão alegres. Testemunhar a fé por meio de obras de amor aos outros ... e pregar o evangelho de Jesus. Cooperar com os que estão tentando trabalhar ... e servir a todos na igreja. Fazer o bem a quem não merece ... e fazer tudo o que Deus merece. Falar e fazer: tudo para a glória de Deus (Cl 3.17).

4) Ajudar e ofertar (Fp 4.18; Rm 15.16). Em Filipenses 4.18, Paulo fala que a ajuda financeira que a igreja de Filipos tinha enviado a ele, tinha sido encarada por Deus como uma oferta sacrificial de aroma suave, um sacrifício aceitável e aprazível a Deus. Já em Romanos 15.16, ainda falando sobre ofertas financeiras, ele diz que trabalhava entre os gentios para que a oferta financeira que eles fizeram a Deus fosse aceitável e agradasse a Deus. Destes textos vemos que as ofertas a Deus são parte de nossos sacrifícios vivos a Deus. Neste assunto, a mulher cristã tem uma grande participação e missão, pois ela pode ajudar outros a terem condições de ofertar! Ela pode economizar e incentivar o resto da família a fazer o mesmo para que possam ofertar mais a Deus. Ao invés da mulher cristã buscar o que gosta, o que quer ou mesmo o que precisa, ela pode viver com menos e ofertar mais. A mulher que cozinha, lava louça, limpa a casa e faz toda sorte de tarefas da rotina doméstica, sem murmurar, e com gratidão a Deus, está oferecendo a Deus um sacrifício vivo santo e agradável. Assim, cada economia do dia a dia toma-se culto a Deus e não apenas uma atitude previdente.

5) Santificar-se e proclamar ( 1 Pe 2.5, 9,10). Agradamos a Deus no dia a dia sendo este sacerdócio santo, que vive em santidade, age como propriedade exclusiva de Deus e tem o alvo único de proclamar as virtudes de Deus, que nos tirou das trevas e nos trouxe para a luz. Santidade e pregação são o alvo de quem quer andar com Deus dia a dia e agradar a Deus.

Conclusão: O texto que nos levou a estas considerações, Romanos 12.1, indica claramente que é no dia a dia que oferece- mos tudo que agrada a Deus. Infelizmente, muitas de nós não acreditam que Deus esteja notando e se importando com nossas ações e nosso culto a ele. No entanto, Deus vê tudo o que fazemos e nunca devemos desmerecer nossos atos de fé para com Deus. Um exemplo disso é o primeiro registro da Bíblia de alguém que ofereceu algo agradável a Deus: Abel. Segundo Hebreus 11.4 seu sacrifício não ficou no esquecimento: por meio desta fé demonstrada no seu sacrifício, ele fala ainda hoje! Há muito valor no que se oferece a Deus.

"Era o inverno de 1489. Um dos mais frios que já houve na cidade de Florença, Itália. Tudo estava coberto de neve e o coração de Michelângelo estava muito apertado, pois, o seu patrocinador, Lorenzo de Medici, Granduque de Florença, faleceu. O filho, Duque Piero, não entendia nada da arte de Michelângelo e não estava interessado em patrocinar suas esculturas.

Um dia, o novo Duque resolveu dar uma grande festa no palácio e lembrou-se de Michelângelo. Chamou-o e pediu-lhe que fizesse uma grande escultura de uma estátua. O duque lhe disse que podia usar o material que estava no jardim. Michelângelo ficou super animado, mas ao chegar ao jardim, viu que só havia gelo!

Não sabemos o que Michelângelo sentiu. O que você sentiria? Raiva? Frustração? Ofensa? Perda de tempo? Era digno o esforço em esculpir o gelo que ia derreter?

O fato é que ele começou a trabalhar sem demora. Horas e horas se passavam e Michelângelo amontoava gelo sobre gelo, até formar um enorme bloco de gelo, para então, começar a esculpir.

Começou no topo (geralmente a escultura é feita de baixo para cima). Michelângelo não parou, mesmo sabendo que aquilo podia ser uma piada e que logo ia derreter. Ele tinha decidido que se o que ele fizesse pudesse tomar Florença mais bonita, mesmo que por algumas horas, ele ia pôr seu coração nisso.

A obra estava terminada. Os convidados chegaram. Ao invés de risadas, houve um sufocante silêncio entre todos. A estátua parecia respirar, andar. Era uma representação fantástica de Davi, da Bíblia. Com isso, o próprio duque Piero deu-lhe o mármore onde a réplica desta escultura foi feita por Michelângelo.

Há 500 anos, milhões de pessoas já foram a Florença ver essa obra magnífica, que foi feita inicialmente no gelo e pesa aproximadamente seis toneladas de mármore.

Em nossa vida, muitas vezes nos sentimos como Michelângelo: esculpindo em gelo e perdendo tempo e esforços com algo que nem vai permanecer.

É o que sentimos no trabalho, diante de um chefe que não nos valoriza; pais sentem isto criando filhos rebeldes e ingratos; jogadores sentem isto durante um jogo em que seu time está perdendo feio; filhos sentem isto, cuidando de pais idosos que não melhoram, nem dizem obrigado!

Tudo isso, como cada ato de fé e perseverança, têm muito valor aos olhos de Deus. São os nossos sacrifícios de ações de graças, de fé. Nosso corpo sendo usado para culto a Deus como sacrifício vivo santo e agradável.

Façamos o melhor com o gelo que recebemos, com tudo o que temos, oferecendo-os a Deus, todos os dias de nossas vidas.

A estátua de gelo virou mármore. Os nossos sacrifícios diários a Deus terão efeito eterno.

de Linda S.T.C. Pestana

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