segunda-feira, 16 de julho de 2012

A Pequena Mulher que Fez Grandes Coisas para Deus


Vamos conhecer a história de uma das maiores missionárias do Século XX. Ela se chama Gladys Aylward e ficou conhecida por ser tão pequena e fazer uma tão grande história missionária na China. Vamos poder testemunhar como Deus pode ser glorificado na vida de uma pessoa que talvez não tivesse qualquer perspectiva, aos olhos humanos, de fazer uma grande obra. Mas, apesar de tanta coisa ser contra Gladys Aylward, o SENHOR Deus a usou de uma forma maravilhosa na China. Ela é um grande exemplo vivo da verdade de 1 Coríntios 1:26 e 27:

Porque, vede, irmãos, a vossa vocação, que não são muitos os sábios segundo a carne, nem muitos os poderosos, nem muitos os nobres que são chamados. 

Mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes

Oremos para que o exemplo dessa pequena grande missionária possa tocar nossos corações e que a sua vida seja uma inspiração e um desafio para que possamos servir ao SENHOR!

Vamos começar a conhecer a fascinante história de Gladys Aylward, a pequena grande missionária. Você sabia que quando Gladys era adolescente ela tinha inveja de suas amigas serem louras, altas e bonitas? E ela se achava sem beleza, se considerava baixinha, e não gostava de ter nascido com os cabelos pretos.

Gladys, quando jovem, achava que Deus havia errado, pois ela queria ser como as outras jovens inglesas. Porém, como vamos ver nessa história, mais tarde ela mudou de idéia e reconheceu que Deus estava certo, e que Deus havia criado ela para uma missão muito especial. Sim, quando muitos anos mais tarde ela chegou na China para ser missionária, e viu as pessoas baixinhas e de cabelos negros como ela, ela quase se esgasgou e orou: “Oh, meu Deus, o SENHOR sabia mesmo o que estava fazendo ao me criar assim.”

Mas, não foi só a aparência de Gladys que a levou a fazer um belíssimo trabalho na China, foram principalmente o seu amor a Deus e a sua dedicação à obra de Deus que fizeram diferença.  De uma empregada doméstica na Inglaterra, ela se tornou a grande AI-WEH-DEH, o nome que recebeu dos chineses e que significa A CORAJOSA.

Gladys Aylward nasceu em Londres, em 1902. Seus pais eram pobres e todos na casa precisavam trabalhar para ajudar no sustento da família. Ela começou a trabalhar aos 14 anos como criada, ajudando nos serviços domésticos das grandes mansões inglesas. Em sua juventude, ela trabalhava muito – o serviço era pesado - de madrugada até à noite. O serviço era estafante e o salário muito pequeno. Ela usava seus poucos momentos de folga para sair para festas e divertir-se com amigos. Seus pais eram crentes, mas ela tinha sido até então apenas uma freqüentadora de cultos.

Numa de suas folgas, enquanto passeava pelas ruas de Londres, um grupo de crentes insistiu que ela fosse à igreja e assistisse ao culto. Embora ela relutasse, eles foram chamando, insistindo e andando com ela, até que chegaram na igreja, e, ela teve então que entrar com eles. Ela ouviu a mensagem, mas não se converteu. Depois do culto, um crente perguntou se ela era salva, e para onde ela iria quando morresse.   Ela quis falar com o pastor, mas ele estava ocupado, então a esposa do pastor fez um aconselhamento com ela, e Gladys com 25 anos fez a sua decisão de crer em Cristo como seu único Senhor e todo-suficiente Salvador.

A partir de sua conversão, ela consagrou sua vida ao Senhor Jesus Cristo, inclusive dedicando-se para ser missionária. Começou a participar das programações evangelísticas com os jovens, e cada vez ia ficando mais forte em seu coração o desejo de ser missionária nos confins da terra. Seu sonho era servir na distante China.

A grande pergunta era: Como uma jovem pobre, sendo mulher e tendo pouca instrução, poderia ser aceita por uma Agência Missionária para trabalhar num país como a China, país com língua totalmente diferente e cultura completamente estranha?

Lembremos de 1 Coríntios 1:26 e 27: “Porque, vede, irmãos, a vossa vocação, que não são muitos os sábios segundo a carne, nem muitos os poderosos, nem muitos os nobres que são chamados.  Mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes”.

Convertida e cheia de amor por Jesus, Gladys queria de todo o coração servir ao SENHOR. Ela se sentia devedora a Jesus por Ele ter sido tão bom com ela, salvando-a da perdição eterna e transformando a sua vida. Ela pensava: “Se Jesus não tivesse me amado e morrido por mim, eu estaria vivendo uma vida vazia, sem sentido, gastando meus anos em coisas fúteis, divertimentos errados e bebidas. Mas, Jesus teve misericórdia de mim, me escolheu e me salvou, agora quero servir a Ele com todo o meu ser”.

Ela se inscreveu para um treinamento missionário na MIC - Missão para o Interior da China, que recrutava também mulheres para o trabalho missionário transcultural. A Missão para o Interior da China tinha sido fundada por Hudson Taylor, que havia compreendido que os critérios bíblicos para missionários eram diferentes dos exigidos para pastores, por isso a MIC enviava mulheres solteiras para trabalhar como missionárias na China. Hudson Taylor viu o grande potencial das mulheres na obra missionária, assim a Missão para o Interior da China recrutava, treinava  e enviava mulheres solteiras para fazer Missões na China.

Gladys iniciou o treinamento, mas sua pouca instrução impedia que ela se saísse bem nas aulas e treinamentos. Ela tinha trabalhado como criada desde os 14 anos, sem ter chance de estudar, por isso tinha muita dificuldade de aprender uma nova língua e sobre cultura. Por cauda disso, ao término do treinamento, ela foi recusada pela MIC.

Mas, Gladys não desistiu, ela tinha certeza que Deus tinha lhe chamado para ser missionária na China e levar a salvação aos chineses. Ela resolveu então voltar a trabalhar como empregada doméstica e ajuntar todo o seu salário para pagar a viagem. Enquanto isso, ela estudaria por conta própria, conhecendo a e se adaptando à cultura chinesa, lendo tudo o que podia sobre a China e se familiarizando com a difícil língua chinesa.

Como o preço de uma viagem de navio era impossível para ela, Gladys combinou com o agente de viagens que iria pagando toda semana a sua passagem de trem para a China, até que completasse o total da passagem de ida. Ela - toda semana - deixava quase todo seu salário semanal na Agência de Viagens, e ao fim de quase três anos de grandes sacrifícios e muita perseverança, Gladys finalmente conseguiu.

Assim, com 30 anos, no dia 15 de outubro de 1932, Gladys Aylward saiu sozinha de Londres, para a distante e desconhecida China. Carregava apenas duas malas (uma cheia de alimentos), um velho casaco e um pequeno fogão e panelas.

A viagem prometia ser longa, cansativa e muito perigosa.

Gladys atravessou grande parte da Europa de barco e de trem, mas quando entrou na União Soviética as coisas começaram a piorar. Havia conflitos e guerra com vários países e povos, inclusive forte tensão na fronteira entre a Rússia e a China. Gladys teve que viajar com pessoas esquisitas e que não falavam a sua língua, e também grande parte da viagem foi feita com grupos de soldados rudes e perigosos. Em vários cantos foi pedido o seu passaporte e sempre havia perigo dela ter que sair do trem. Por uma providência divina, em um posto na Sibéria não era permitido civis viajar no trem, somente soldados russos. E perguntaram o que ela era. Ela em inglês disse que era missionária e que estava numa missão de Deus. Eles entenderam que ela era perita em máquinas e pensaram que ela estava sendo enviada numa missão de consertar equipamentos...  E assim deixaram que ela mais uma vez passasse. Gladys viu tantos perigos e impossibilidades que pensou em voltar, mas agora não dava mais, tinha que continuar.

Num trecho na fronteira com a Mongólia, por causa de uma batalha, o trem teve que parar, e Gladys sozinha teve que fazer um longo e perigosíssimo percurso a pé até a próxima cidade. Andou a noite inteira, sob a neve, ouvindo apavorada os sons de tiros ou de animais selvagens. À noite estava escura como um breu, e ela só podia andar passo a passo seguindo os trilhos. Pela manhã, conseguiu chegar numa cidade da Manchúria, e, como a fronteira para a China estava fechada, ela pegou outro trem para ir pelo Japão. No Japão, pediu ajuda ao cônsul da Inglaterra, que lhe encaminhou de ônibus e de barco, para que ela fosse para a China. Depois de exaustivos 22 dias, finalmente, Gladys chegou à China, no dia 07 de novembro de 1932. Contudo, para chegar ao seu destino, ao vilarejo montanhoso de Yang-Cheng, ela teve que viajar mais oito dias em lombos de mulas pelas trilhas e montanhas chinesas.

Quando estava na Inglaterra, Gladys soube de uma missionária escocesa chamada Jeannie Lawson que fazia um trabalho missionário numa das regiões mais difíceis da China. A Sra. Lawson morava há 50 anos na China e tinha ficado viúva, mas, apesar da idade avançada, e viver sozinha, continuava a obra do seu marido. Gladys lhe enviou carta, e ela aceitou que Gladys fosse morar com ela e ajudá-la no evangelismo aos chineses. A Sra. Lawson era uma mulher idosa e muito rude, ela aprendera a viver e sobreviver na China com todas as lutas, perigos e problemas. Isto fez dela uma mulher forte, decidida. Quando, depois de quase um mês de difícil viagem, Gladys chegou na casa  da Sra. Lawson, e  foi recebida sem muita comemoração ou reconhecimento do sacrifício que ela fez. A Sra. Lawson, depois de mostrar a pousada e o vilarejo de Yang-Cheng, fez com que Gladys imediatamente começasse a trabalhar.

Gladys começou a trabalhar pesado, pois a casa era enorme e tinha muito serviço, desde limpar, arrumar, cozinhar e consertar. A Sra. Lawson lutava com a falta de sustento, pois havia pressão da Missão para ela retornar à Inglaterra. Elas tiveram a idéia de montar uma pousada na casa, assim poderiam ter ajuda no sustento e ainda evangelizar os hóspedes. Montaram finalmente a Pousada da Sexta Felicidade, e o cozinheiro da Sra. Lawson se tornou o cozinheiro da pousada. Esse simpático chinês depois também se converteu a Cristo e se tornou o grande professor de Chinês para a Gladys. Gladys aproveitava cada momentinho de folga para estudar a Bíblia e a Língua Chinesa. Ela aprendeu tão bem o dialeto chinês falado em Yang-Cheg que não somente falava, mas lia e escrevia melhor do que muitos chineses cultos.

Ela e a sra. Lawson se esforçavam muito para que a pousada desse certo (Yang-Cheng era rota de caravanas de muleteiros – que transportavam tecidos de algodão, carvão e ferro).  O plano era que, enquanto comessem na pousada, elas lhes contariam  histórias da Bíblia. Mas, houve um problema, as caravanas de muleteiros não paravam na pousada das estrangeiras. Foi quando Gladys decidiu ficar na frente da pousada, e quando viesse a caravana, ela pegaria a primeira mula e levaria (arrastaria) para dentro do estábulo da pousada, assim as outras a acompanhariam. E deu certo. Começaram a receber os viajantes “à força”, mas eles gostaram e voltaram e divulgaram para outras caravanas que a pousada das estrangeiras era boa e lá ouviam boas histórias. Assim, elas contavam as histórias de Noé, Moisés, Paulo e Jesus. E alguns se converteram.

Gladys começou também a trabalhar com o evangelismo de crianças, elas, no início, incentivadas por seus pais, jogaram lama em Gladys e a chamaram de LAO-YANG-KWEI (“diabo estrangeiro”), mas depois aprenderam a respeitar e amar aquela estrangeira que tinha muito amor. Gladyz sempre agradecia a Deus por ter tido o discernimento que lhe fez adotar o seguinte princípio:, enquanto estava na Inglaterra, deveria trabalhar como se estivesse na China. Assim, enquanto vivia na Inglaterra e se preparava para ir à China, ela trabalhava e evangelizava muito. Estava sempre envolvida em evangelismo, discipulado, estudos bíblicos e campanhas. Agora, que estava na China, ela trabalhava como se estivesse na Inglaterra. Vivia uma vida simples, ajudava na pousada, estudava Chinês e evangelizava as crianças.  

Depois de quase um ano de trabalho, a Sra. Lawson faleceu. E ficou impossível a permanência de Gladys Aylward na China, pois ela não era mantida por nenhuma Missão, e sem o sustendo da Sra. Lawson a pousada não poderia ser mantida. Mas, Gladys confiou em Deus, e mais uma vez sua fé seria provada. Ela lembrava da chamada de Abraão, de Moisés, de Paulo, se espelhava na fé e perseverança de Neemias, por isso orou e resolveu esperar no SENHOR. A resposta de Deus se deu num milagre, o mandarim (uma espécie de governador da província), sabendo de sua boa reputação no lugar, a convidou para ser inspetora de pés. Sua tarefa era ir nas casas e inspecionar para ver se o costume de operar e amarrar os pés das meninas estava sendo mesmo abolido. Essa cultura chinesa, sob o pretexto de embelezar, fazia com que os pés das meninas fossem amarrados e até mesmo operados (dedos eram decepados) a fim de que elas não crescessem e ficassem mutiladas para ficarem castas e não fugir (pois, como resultado, elas mancavam por toda a vida). O governo chinês havia proibido a continuidade desse costume, e cabia à inspetora de pés conscientizar as famílias, denunciar, educar e ajudar na recuperação das crianças. E ela seria paga para fazer esse trabalho!

Gladys viu nisso, além de ter sustento financeiro, uma grande oportunidade de ajudar aos chineses e evangelizar. Ela se dedicou totalmente a essa missão, ia de povoado a povoado, visitando as casas, ensinando sobre higiene, e evangelizando. 

Esse trabalho e a dedicação de Gladys foram muito abençoados por Deus. Houve conversões de crianças e famílias, e povo reconheceu que aquela estrangeira era diferente, e diziam que ela tinha o Deus Vivo dentro dela. Foi por causa desse ministério que ela recebeu por parte das pessoas o nome de Je-Nai – que em Chinês quer dizer: Aquela que Ama o Povo.

Até hoje a atuação de Gladys é reconhecida na China – essa velha senhora da foto diz que agradece a Gladys por ela ter ajudado a China a se livrar dessa cultura perversa.

O mandarim, reconhecendo o valor de Gladys (que agora até ele a chamava de Je-Nai) a nomeou como sua conselheira. E num momento de grande tensão, ele pediu a sua ajuda. Houve uma rebelião na prisão local, e os prisioneiros amotinados e armados de machados e facões ameaçavam matar todos os reféns. Eles estavam com ódio por causa das más condições da prisão. Era uma situação terrível, pois para sufocar aquela rebelião, haveria centenas de mortes. O mandarim pediu que ela servisse de mediadora no conflito, que era muito perigoso, mas ele tinha ouvido ela pregar que “aqueles que crêem em Cristo não têm nada a temer”? Gladys sentiu sua fé ser desafiada,  e, com muito medo, mas confiando no SENHOR, entrou na prisão, sem armas e sem escolta, e repreendeu os prisioneiros e mandou que eles se entregassem que ela iria ajudá-los para melhorar as condições da prisão. Outro milagre aconteceu: os prisioneiros, homens maus e rudes, assassinos e perversos, marginais cruéis, atenderam à palavra de Je-Nai e se renderam.

A partir de então o povo deu a Gladys outro nome, passaram a chamá-la de AI-WEH-DEH, que quer dizer: A CORAJOSA!

E Gladys cumpriu as promessas que fez aos prisioneiros: exigiu do mandarim que as condições físicas e a alimentação fosse melhorada, e coordenou trabalho para os presos, conseguiu máquinas de tear e moinhos industriais, assim os presos trabalhavam na prisão e obtinham sustento.

Anos mais tarde, o próprio mandarim também se converteu a Cristo (e Deus fez outro milagre muitos anos depois, o ator que fez o papel do mandarim no filme “A Pousada da Sexta Felicidade” na época das filmagens estava muito doente e com muito esforço trabalhou nas cenas. Logo depois do filme, ele morreu. Os seus biógrafos reconhecem que a última cena que ele fez (o mandarim se convertendo) não era o mandarim, era o próprio ator que também fazia a mesma decisão de crer em Cristo!

Em 1936, outro milagre aconteceu na vida Gladys, ela recebeu o difícil título de cidadã chinesa. Ela permanecia firme nos seus trabalhos, e mais um desafio aconteceu: um dia ela encontrou uma mulher mendigando e querendo vender sua filhinha (era um costume local a venda das crianças para exploração sexual infantil). Penalizada, Gladys ofereceu todo o dinheiro que tinha nove pence (nove centavos). A mulher aceitou, e Gladys chamou a menina de NINEPENCE e a adotou. Ninepence pensou que seria usada na exploração sexual ou seria comida como jantar daquela Diaba Estrangeira. Mas, ao contrário, recebeu amor e muito cuidado. Dias depois Ninepence trouxe seu irmãzinho, mas Gladys disse que não poderia cuidar dele, pois não tinha recursos – e o que tinha mal dava para elas. Ninepence pediu que desse a metade de sua comida ao seu irmãozinho. Gladys, sensibilizada, adotou o irmão de Ninepence. E assim começou o seu trabalho de adotar crianças órfãs ou abandonadas pelos pais.

Em 1938 a situação política da China estava ficando complicada. De um lado um guerrilheiro chinês de ideais comunistas (Mao Tse Tung) estava ganhando popularidade e dividindo o país, e de outro lado, o JAPÃO começou a atacar e conquistar território chinês. A província de Shansi, onde ficava Yang-Cheng, começou a ser alvo das tropas japonesas. Um oficial do exército chinês, chamado Cel. Linnan, foi enviado para, juntamente com o mandarim, realizar a evacuação da população, uma vez que as tropas japonesas se aproximavam e em breve aquelas cidades seriam bombardeadas pelos aviões japoneses. Gladys se opôs à fuga, disse que deveriam resistir, e organizaram uma resistência.  Corajosa, Gladys servia também de espiã, pois como conhecia a região e tinha a simpatia e a confiança do povo, se mantinha informada da movimentação das tropas japonesas, e essas informações eram repassadas ao Cel. Linnan para formar as frentes de batalha. Nessa amizade surgiu um grande amor entre Gladys e o Cel. Linnan. Contudo, os horrores da guerra e os trabalhos impediam qualquer romance.

Contudo, as tropas e os aviões japoneses atacaram a província de Shansi, e os bombadeios destruíram a cidade de Yeng-Cheng e a Pousada da Sexta Felicidade. Gladys foi violentamente espancada pelos soldados japoneses, mas conseguiu fugir e levar com ela quase 200 crianças. Os japoneses ofereceram uma alta recompensa pela cabeça de Ai-Weh-Deh (100 dólares, uma fortuna na época). Agora Gladys tinha que levar aquelas crianças a salvo. Dividiram em dois grupos, mas quando Gladys soube que o outro grupo foi apanhado e mortos, ela decidiu fazer uma viagem para perto da Manchúria, onde havia segurança. Só havia alguns poréns: a viagem era por montanhas e selvas, não havia alimento, ela só teriam um ajudante e as tropas japonesas iriam em seu encalço. Era mais uma vez uma oportunidade de confiar em Deus.

Fazer aquela travessia com 94 crianças de 3 a 12 anos, sem alimentos, sem roupas adequadas, sem remédios, era impossível. E mais uma vez Gladys recorreu à Bíblia para relembrar as histórias do Deus do Impossível. E tudo que ela ensinava as crianças aprendiam com facilidade, pois viam nela uma crente que vivia os ensinos e as promessas de Deus. Certo momento, o grupo chegou a rio que precisava ser atravessado. A ponte havia sido derrubada, e o rio era fundo, e não dava para passar com crianças. Gladys, falando com as crianças, explicou a situação. Eles lembraram que Moisés atravessou o Mar Vermelho com o povo de Deus. E Gladys disse: É, mas eu não sou Moisés. E um garoto respondeu: Mas Deus é Deus, é ainda o mesmo Deus de Moisés. Aquela exortação serviu para encorajar, amarraram uma corda de uma margem à outra, e todos passaram com segurança.

A caminhada por montanhas, trilhas pedregosas, selvas inóspitas e perigos constantes foi penosa e difícil. Muitas vezes as tropas japonesas ficavam tão perto, que ela e as crianças tinahm que se esconder e ficar em completo silêncio (algo impossível para 94 crianças fracas e com fome). Mas Deus guiou Gladys por 21 dias, e nenhuma criança foi perdida. Conseguiram chegar em Siam, uma cidade que estava em segurança.  Mas, Gladys estava muito ferida, como conseqüência do espancamento dos soldados japoneses, e durante a jornada havia contraído tifo, estava com pneumonia, febre alta e com grave desnutrição (pois deixava de comer para dar às crianças). Um casal de missionários a acolheram  e trataram dela, e depois de meses de tratamento, ela pôde se recuperar e novamente cuidar dos seus “filhos” e das outras crianças.

Foi nesse período, que o Cel. Linnan foi a essa cidade se encontrar com Gladys. Ele fala de seu amor por ela e a pede em casamento. Mas, Gladys pensa no seu chamado, em sua missão, em suas crianças, no trabalho que ainda tem que fazer na China como missionária, e diz não. E nunca mais olhou para trás. Voltou para a sua região e continuou a fazer seu trabalho missionário ainda com mais fervor, criando inclusive um leprosário para cuidar dos muitos leprosos existentes na China.

Quando o filme de sua vida foi feito, apesar de ser uma grande produção, ter uma das maiores atrizes da época e ter servido para divulgar o trabalho missionário na China, Gladys Aylward ficou muito decepcionada, pois eles tinham exagerado em seu romance com o Cel. Linnan, porque mesmo amando-o muito e realmente ter pensado em casamento, ela manteve-se pura, e algumas cenas faziam insinuações de sensualidade. Para Hollywood e o mundo, não havia nada demais, as cenas até eram castas e sem maldade, mas para Gladys, uma mulher de Deus, firme em suas convicções e compromisso com Deus, as cenas a deixaram envergonhada.

Em 1949, depois de quase vinte anos servindo na China, Gladys voltou à Inglaterra. Deu palestras em igrejas, escolas e participou de campanhas de vocação, chamado e recrutamento missionário. Todos queriam ouvir a história daquela baixinha inglesa que havia feito tão grande trabalho na China. Gladys ficou mais famosa ainda depois que sua biografia foi publicada e a BBC de Londres fez um documentário sobre a vida dela. Depois do lançamento do filme “A Morada da Sexta Felicidade”, ela recebeu convites de igrejas e de seminários dos EUA e de várias partes do mundo para falar sobre Missões. Participou de conferências missionárias e deu testemunho de sua fé em várias partes do mundo. Apesar de considerar o filme como o “seu espinho na carne”, ela reconhecia que através do filme teve muitas portas abertas para falar de Jesus Cristo e da Obra Missionária.

Na década de 50, Gladys tentou voltar para a China, a fim de continuar seu trabalho missionário, contudo a China de tornara comunista e oficialmente anti-cristã (inclusive perseguindo os crentes), e ela teve sua entrada proibida na China. Mas, a nossa Gladys não era mulher de desistir ou de voltar atrás, e em 1957 foi para Taywan, perto da China, e lá continuou o seu trabalho missionário e fundou um orfanato para cuidar das crianças desamparadas.

O Senhor a levou para a Santa Morada Celestial, no dia 03 de janeiro de 1970, quando ela tinha 67 anos, de grandes serviços, de ter fundado igrejas na China e Taywan, ter cuidado de centenas de crianças, de leprosos e ter levado a tantas pessoas em lugares inóspitos e distantes à salvação em Cristo. Sua vida é ainda hoje um exemplo do poder gracioso do SENHOR Deus em usar as coisas humildes e fracas para que realizem grandes e maravilhosas coisas para Deus.

Você já parou para pensar no que Deus pode fazer com você?














Pr. José Nogueira


       




 


 




 





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