E, quando estiverdes orando, se tendes alguma coisa contra alguém, perdoai, para que vosso Pai celestial vos perdoe as vossas ofensas. S. Mar. 11:25.
Durante meu ano de calouro na faculdade, fiquei sabendo que um de meus colegas, um cristão sincero e dedicado, sempre "levantava os olhos" quando em oração. Ao lhe perguntarem por que orava assim, ele calmamente respondia que era dessa maneira que Jesus orava, e fazia referência a S. João 11:41. Fiquei atento àquele colega para ver se a história era verdadeira. Era, sim. Também percebi que eu não era o único que estava observando e sorrindo. Só posso falar por mim, mas garanto que não recebi nenhuma bênção mediante a oração que estava sendo feita.Anos mais tarde, visitei uma igreja onde um dos membros insistia em que a única postura correta para a oração era de joelhos. Ele não apenas colocava em prática a sua convicção, mas convencia os demais, inclusive o jovem pastor, de que nenhuma outra posição era apropriada; ajoelhar-se era a única forma aceitável de orar a Deus. Alguns membros objetavam, citando o versículo de hoje. Outros perguntavam se alguém que estava de cama precisava ajoelhar-se para orar. (Ver Sal. 4:4.)
Fossem quais fossem os méritos de ajoelhar-se para orar, essa divisão de opiniões confundia os visitantes e dividiu a igreja. Sincero como possa ter sido nosso irmão, a maioria dos cristãos concordou que tal prática não era sábia por causa de seu efeito sobre a igreja e especialmente os visitantes, que não sabiam se deviam ficar em pé ou ajoelhar-se.
Insistir em um tema polêmico parece ser uma violação do princípio da unidade apoiado pelo texto "Deus não é de confusão". I Cor. 14:33. Além disso, a maioria também haverá de concordar com o fato de que, ao fazer-se notar por essa prática, nosso irmão estava possivelmente chamando mais atenção sobre si mesmo do que para Cristo.
A Bíblia não prescreve nenhuma postura única para a oração. Embora ajoelhar-se seja sem dúvida apropriado e mostre reverência, parece que o importante não é tanto a posição física, mas a atitude mental. Que sempre nos lembremos disso.
Chamado à Oração
À tarde, pela manhã e ao meio-dia, farei as minhas queixas e lamentarei; e Ele ouvirá a minha voz. Sal. 55:17.
Pelo texto acima, evidentemente, o salmista costumava orar três vezes por dia.
Quando visitei o Egito, alguns anos atrás, fiquei sabendo que os muçulmanos oram cinco vezes por dia. Nosso grupo de turismo, certo dia, visitou uma mesquita no Cairo. Quando chegou a hora da oração, um muezim lá em cima, na sacada de um dos minaretes da mesquita, chamou os fiéis à oração com vibratos na voz aguda. Em resposta, os seguidores do "profeta" pararam o que estavam fazendo e estenderam seus tapetezinhos de oração. Voltados na direção de Meca, curvaram-se para orar. Como sinal de respeito, nosso grupo parou e alguns de nós também oramos.
Enquanto ali estive, meditando, veio-me o pensamento: Esses muçulmanos deixam envergonhados os cristãos. Muitos dentre nós não oram nem com a freqüência do salmista. Deveriam os cristãos orar menos que os muçulmanos?
Não, com certeza não deveríamos orar menos. Isso não quer dizer que, todas as vezes que orarmos, devemos desenrolar um tapetezinho e colocar-nos de joelhos, mas seria bom que dirigíssemos nossos pensamentos ao Céu três, cinco ou mais vezes ainda por dia.
Você já considerou que todas as circunstâncias na vida de um cristão são um chamado à prece? Não deveríamos apenas orar em tempos de crise, mas especialmente quando tudo parece ir bem - ou bem demais. É nessas ocasiões que temos a tendência de esquecer que dependemos de Deus. É também nessas ocasiões que Satanás fraudulentamente usurpa o lugar que em nosso coração pertence ao Senhor por direito.
Não, não é necessário curvar-nos fisicamente cada vez que oramos, mas se quisermos manter nossa saúde espiritual, precisamos viver em atitude de oração.
"Podemos ter comunhão com Deus em nosso coração. ... Quando empenhados em nossos trabalhos diários, podemos exalar o desejo de nosso coração, de maneira inaudível aos ouvidos humanos; mas essas palavras não amortecerão em silêncio, nem serão perdidas. ... Ele se ergue acima do burburinho das ruas, acima do barulho das máquinas. É a Deus que estamos falando, e nossa oração é ouvida." - Obreiros Evangélicos, pág. 258.
Coisas Obtidas Mediante a Oração
Com a minha voz clamo ao Senhor, e Ele do Seu santo monte me responde. Sal. 3:4.
Você já ouviu alguém dizer (talvez você mesmo já tenha dito): "Só consigo fazer oração quando me dá vontade"? Dizer isso é entender mal o objetivo da oração. É colocar a oração sobre a base dos sentimentos - e os sentimentos mudam. Não são confiáveis.
Freqüentemente oscilam conforme o clima, as notícias, o estado de saúde. Nossa vida de oração deve repousar sobre um fundamento mais firme que os sentimentos.
A oração pode alinhar a nossa vontade com a vontade de Deus de tal maneira, que Ele possa abrir canais de atuação que de outra forma ficariam fechados. Assim, precisamos orar mais fervorosamente quando não sentimos vontade de fazê-lo, do que quando sentimos.
O Dr. Alexis Carrel, cirurgião franco-americano e laureado com o prêmio Nobel (em 1912 ele conquistou o cobiçado prêmio na área da fisiologia), deixou o seguinte testemunho acerca do poder da oração:
"A oração é a mais poderosa forma de energia que se pode gerar. A influência da oração sobre a mente e o corpo é tão demonstrável como a das glândulas secretoras. Seus resultados podem ser medidos em termos de maior vivacidade, vigor intelectual, fibra moral e mais profunda compreensão dos relacionamentos humanos.
"A oração é indispensável para o desenvolvimento pleno da personalidade. Somente pela oração obtemos aquele conjunto harmonioso de mente, corpo e espírito. ... Quando oramos, ligamo-nos ao motivo [poder] inexaurível que move o Universo."
Que desafio!
Em um de seus poemas, Tennyson declara que "mais coisas são obtidas pela oração do que o mundo pode imaginar". Mas a maior mudança operada pela oração não ocorre com Deus, pois Ele jamais muda (Mal. 3:6); ocorre em nós. Embora Deus algumas vezes intervenha diretamente nos negócios humanos de maneiras miraculosas, Ele geralmente opera mudanças alterando a nossa ótica espiritual. Segundo o Dr. Carrell, nossa ótica espiritual alterada realmente muda as nossas condições mentais e, conseqüentemente, os processos fisiológicos, de formas notáveis.
Como Falar Com Deus
Eu darei a eles o que desejam, antes mesmo de Me pedirem. Enquanto eles ainda estiverem falando comigo sobre suas necessidades, Eu já terei respondido às suas orações! Isa. 65:24 (A Bíblia Viva).
O Dr. William Moon, conhecido por inventar um alfabeto em alto relevo para pessoas que ficaram cegas depois de adultas, e por ter fundado a Sociedade Moon, era cego também. Desde a sua juventude, dedicou a vida ao trabalho em favor dos desprovidos da visão. No verão de 1852, sua organização encontrou-se em aperto financeiro por causa de uma dívida de 22 libras esterlinas que ele havia contraído em conexão com seu trabalho.
Poucas horas antes de encerrar-se o prazo final para o pagamento, o Dr. Moon orou para que se abrisse uma porta e ele pudesse pagar a conta em tempo. Parecia que sua oração não seria atendida. Mas às 4 horas da manhã do dia-limite, uma senhora cega que morava em Brighton não conseguia dormir e, para passar o tempo, começou a ler o Salmo 34 pelo alfabeto do Dr. Moon. No versículo 6, ela leu as seguintes palavras: "Clamou este aflito, e o Senhor o ouviu."
Repentinamente, ela sentiu que o Dr. Moon precisava de dinheiro para levar avante a sua obra. Assim que amanheceu, ela vestiu-se, foi ao seu cofre e tirou uma nota de cinco libras. Mas teve o pensamento de que aquilo não seria suficiente, de modo que tirou mais três notas de cinco libras. Colocou-as em sua bolsa, que já continha duas moedas, e encaminhou-se à casa do Dr. Moon.
Depois de ser conduzida ao escritório dele, a senhora perguntou-lhe se ele estava tendo dificuldades financeiras relacionadas com o trabalho. Antes de receber aquela visita, o Dr. Moon havia decidido não contar a ninguém o seu problema, a não ser ao Senhor. Portanto, quando aquela senhora lhe fez a pergunta, ele hesitou em responder. A senhora estendeu a ele a bolsa, dizendo que seu conteúdo era para ser usado conforme ele achasse necessário. Podemos imaginar a surpresa do Dr. Moon ao descobrir que aquela bolsa tinha a quantia exata de que ele precisava para pagar sua dívida naquele dia.
O que Deus Fez por Estêvão
E apedrejavam a Estêvão. ... Então, ajoelhando-se, clamou em alta voz: Senhor, não lhes imputes este pecado. Com estas palavras adormeceu. Atos 7:59 e 60.
No início da década de 1850, Charles Haddon Spurgeon (1834-1892), ainda jovem, foi chamado para pastorear a capela de New Park Street, em Southwark, Inglaterra. Numa das noites, enquanto pregava acerca do martírio de Estêvão, um cínico interrompeu-o.
- O que foi que Deus fez por Estêvão quando ele foi apedrejado até à morte? - berrou o homem.
Spurgeon retorquiu instantaneamente:
- Ajudou-o a orar: "Senhor, não lhes imputes este pecado."
O cético calou-se.
Deus sempre atende nossas preces, mas nem sempre como achamos que Ele deveria. No caso de Estêvão, Ele não desviou o rumo das pedras; não o conduziu em espírito para algum lugar seguro; nem mesmo fulminou os agressores; mas Deus lhe deu graça para suportar a dor e manifestar o mesmo espírito de perdão para com os seus assassinos demonstrado por Jesus em relação com os que O crucificaram.
Quando eu era pastor, mais de uma vez ouvi membros de minha igreja dizerem que suas orações pareciam não passar do teto. Uma senhora disse a meu pai, quando ele era pastor, que sentia a impressão de ouvir suas orações voltarem a ela como um eco zombador. De uma coisa podemos ter absoluta certeza: não era a voz de Deus que zombava das orações daquela senhora. Era a voz do grande enganador e adversário das almas.
Muitas vezes, entretanto, o problema está conosco. "Não sabemos orar como convém" (Rom. 8:26) e a razão é que pedimos mal (com motivos egoístas, talvez) (S. Tiago 4:3). Deus não pode dizer Sim a essas orações e continuar sendo coerente. Se Ele fosse responder a esses pedidos como nós desejaríamos, não seria para o nosso bem. Assim, em Sua infinita sabedoria, Ele diz Não.
Se desejamos respostas positivas a nossas orações, precisamos pedir segundo a vontade - e a cronologia - de Deus. Quando oramos com esse espírito submisso, e Ele nem assim nos atende imediatamente, pode ser que esteja dizendo apenas: "Seja paciente; por enquanto, não." (Ver Heb. 10:36.)
Oração, a Respiração da Alma
Orai sem cessar. I Tes. 5:17.
Quase posso ouvir alguém dizer: "É impossível orar sem cessar."
Bem, em certas regiões da Europa e Ásia, existe uma pequena aranha chamada Argyroneta aquatica, que passa considerável parte de sua vida dentro d'água. É onde ela mora. De tempos em tempos, a aranha sobe à superfície, respira um pouco de ar fresco, forma-se uma bolha ao redor dela, e ela retorna para o fundo do lago ou do ribeiro, onde fica por mais algum tempo. Quando a aranha sobe outra vez à superfície, está perfeitamente seca e limpa. Embora passe a maior parte do tempo lá no fundo, não é tocada pela água ou pelo lodo ao seu redor. Por quê? Porque está envolta por uma cápsula do ar lá de cima.
Ar lá de cima!
Observe que, depois de a pequena aranha respirar o ar fresco e ficar cercada pela bolha de ar, ela continua respirando a atmosfera que a envolveu. Também na vida espiritual. Quando volvemos nossos pensamentos na direção do Céu no comecinho da manhã e respiramos sua atmosfera, ficamos rodeados por ela. Isso significa mais do que apenas tomar fôlego. Quer dizer comungar com Deus até que nossa vida espiritual se carregue de vitalidade. Então, ao longo do dia todo, continuaremos a respirar o ar com o qual nos envolvemos. Esse "ar" é a respiração da alma. Precisa de renovação periódica.
Assim como nossa vida física depende da respiração, nossa vida espiritual depende da oração. Uma pessoa cercada pelo ar espiritual respira-o tão naturalmente como respira o ar atmosférico. É isso que significa orar sem cessar.
Vivemos num mundo cheio de corrupção moral e espiritual, mas assim como a aranhazinha não se contamina com a água e o lodo ao seu redor, assim o cristão, cercado pela atmosfera do Céu, permanece incorruptível pelo mundo.
Inspire profundamente o puro ar celestial pela manhã e continue, ao longo do dia, respirando a atmosfera celestial que o circunda.
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